Pesquisa de Tese
Esse ambiente foi criado como extensão da pesquisa de doutorado “Feminismo negro e epistemologia social: trajetórias de vida de pesquisadoras negras em Biblioteconomia e Ciência da informação", apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI) - Linha de Pesquisa: Comunicação, Organização e Gestão da Informação e do Conhecimento, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia como requisito para obtenção do grau de Doutora em Ciência da Informação, orientada pelo Prof. Dr. Gustavo Silva Saldanha.
A construção deste espaço também foi pensada tomando como base os princípios de uma ciência cidadã, que se baseia na participação informada, consciente e voluntária, de milhares de cidadãos e cidadãs que geram e analisam grandes quantidades de dados, partilham o seu conhecimento e discutem e apresentam os resul -
tados. Uma prática de Dados abertos de pesquisa, como preconiza a Declaração de Berlin sobre o Acesso Aberto ao Conhecimento em Ciências e Humanidades publicada em 2003, a fim de ampliar as fronteiras do movimento de livre acesso ao explicitar o que se compreende por contribuições de acesso livre.
A hipótese da nossa pesquisa partiu do princípio que “As trajetórias de vida de Mirian de Albuquerque Aquino, Maria Aparecida Moura e Joselina da Silva (pesquisadoras negras em Biblioteconomia e Ciência da informação), compreendidas sob a ótica da Epistemologia Social, contribuíram e ainda contribuem para a construção e formação de uma rede de intelectuais negras e negros e não negras e não negros, que são sensíveis e atuam para o enfrentamento de problemáticas geradoras de discriminação e exclusão social, como racismo, machismo, sexismo e LGBTfobia.
Deste modo, a pesquisa teve por objetivo (re)contar as trajetórias de vida de pesquisadoras negras do campo da Biblioteconomia e Ciência da Informação e suas redes intelectuais, tendo como base o fundamento da epistemologia social. Especificamente pretendeu-se:
a) discutir a epistemologia social como base teórica para trajetórias de vida;
b) refletir sobre o feminismo negro, as epistemologias feministas, os debates e enfrentamentos de mulheres negras na ciência a partir de narrativas de vida;
c) narrar as trajetórias das protagonistas pesquisadoras negras a partir das fontes biobibliográficas selecionadas, e;
d) identificar as redes intelectuais e orgânicas de pesquisadoras em Biblioteconomia e Ciência da Informação a partir da noção de Baobá Genealógico.
Metodologicamente baseou-se numa abordagem qualitativa de pesquisa, do tipo bibliográfica. As fontes selecionadas denominadas biobibliográficas foram analisadas a partir do método autobiográfico, o princípio analítico da interseccionalidade e categorias fundamentais da Epistemologia Social. As redes intelectuais/orgânicas foram construídas a partir da noção de Baobá Genealógico, e de dados coletados na Plataforma Lattes, via as bases de Currículos Lattes e o Diretório de Grupos de Pesquisa.
O referencial teórico provém das áreas de Ciência da Informação com ênfase no campo da epistemologia social em diálogo com as epistemologias feministas negras como subsídios adequados para uma compreensão maior dos preconceitos, discriminações e racismos contra as mulheres negras que convivem com as relações de dominação ocultas, negadas e obscurecidas na vida acadêmica. Entendendo que essas relações produzem significados de tal modo que fragmentam grupos, requerendo análises para que nos posicionem em oposição e aceitação de certas práticas que se naturalizam no cotidiano docente.
Os resultados da pesquisa apresentaram que os fragmentos narrativos das trajetórias de vida das pesquisadoras, e os respectivos Baobás Genealógicos serviram de aporte para uma compreensão da atuação, experiência, luta, protagonismo e resiliência dessas mulheres em seus espaços. Nas considerações finais reforçamos a importância da presença de mulheres negras em todos os espaços da sociedade, e que o fato de a mídia e dos currículos escolares não abordarem a profundidade dessas existências, não significa que as vidas de mulheres negras, não sejam complexas e com possibilidades de grandes transformações sociais e cientificas. Pois, como bem afirma a Angela Davis, “quando mulheres negras se movimentam, toda a estrutura da sociedade se movimenta com elas” (Conferência na UFBA, 2017).
Sobre o Orientador
Gustavo Silva Saldanha
Gustavo Saldanha é Pesquisador Titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Professor Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), bolsista de produtividade 2 do CNPq (2016-2018; 2019-2021), bolsista Jovem Cientista do Estado da FAPERJ (2019-2021). Atua como docente nos programas de pós-graduação em Ciência da Informação do IBICT e em Biblioteconomia da UNIRIO. É líder, desde 2011, do grupo de pesquisa “Ecce Liber: filosofia, linguagem e organização dos saberes” (IBICT-UNIRIO). É editor executivo do periódico LIINC EM REVISTA. É membro, desde 2019, do Círculo Iberoamericano de Ciencia de la Información Documental (CIIBERCID); desde 2017, da equipe de pesquisadores Médiations en information – communication spécialisée do Laboratoire d'Études et de Recherches Appliquées en Sciences Sociales (Lerass) da Université Toulouse III Paul Sabatier, França; desde 2008, da Rede Franco-Brasileira de Pesquisadores em Medi -
ação e Usos Sociais dos Saberes e da Informação (Rede Mussi) e, desde 2014, do International Center for Information Ethics (ICIE). É co-fundador do Fórum Internacional A Arte da Bibliografia (2014) e do Fórum de Estudos Críticos da Informação (iKritika) (2013). Foi vice-coordenador na gestão 2015-2016 do Grupo de Trabalho 1 (Estudos históricos e epistemológicos da Ciência da Informação) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB). Atuou como bibliotecário da Fundação Biblioteca Nacional (2006-2010) (FBN) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010-2012) (IBGE). Possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2006), especialização em Filosofia Medieval pela Faculdade São Bento-RJ (2010), mestrado em Ciência da Informação pela UFMG (2008), doutorado em Ciência da Informação pelo convênio IBICT-UFRJ (2012). Realizou, sob o fomento da Capes, no período 2017-2018, o estágio pós-doutoral na Université Toulouse III, Toulouse, França.